
Há, porém, que se diferenciar a bagunça sadia daquela problemática. A primeira revela descontração, leveza, criatividade, espontaneidade. Ela é importante quando cozinhamos, quando estamos separando coisas para uma viagem, quando estamos criando algo. Mas há sérios problemas em manter-se em estado de bagunça vital, porque tendemos a guardar junto com a nossa bagunça um monte de energia acumulada em coisas quebradas, sem uso e sem valor. Isso é antiecológico, anti-higiênico e antiprodutivo. Ao adotarmos uma forma desleixada de viver, nos sentimos sem valor e, ao final, nos percebemos parte de um todo que é feio e sem cuidado.
Nosso ambiente, nosso quarto, nosso armário e a forma como cuidamos de nossas coisas são, em certo sentido, um reflexo do modo como nos sentimos por dentro. Da mesma forma como uma pessoa que está feliz se afasta das drogas e de hábitos nocivos, uma pessoa que se ama sabe encontrar o delicado equilíbrio entre a descontração e o cuidado, entre ser bagunceiro em certos momentos e ser organizado para manter um padrão de higiene, saúde, limpeza, luz e amor. Sim, pois é preciso certa dose de autoestima para vencer a preguiça, a apatia, o deixa-prá-lá ou o depois-eu-faço e viver de forma organizada.
Este livro é uma forma de valorização do bem viver, da vida que flui e na qual você encontra as coisas que quer, cuida do que é seu, realiza os objetivos a que se propõe e protege seu patrimônio. Uma vida assim nos aproxima da felicidade e da realização. Quando criamos hábitos sadios para nós, o mundo em que habitamos nos devolve uma maravilhosa sensação de liberdade para que sejamos pessoas melhores.
Permita-se mexer na sua bagunça. Experimente. Quem se ama, se cuida. Quem se ama, bagunça seus próprios maus hábitos, pois sabe que mudar pode ser muito melhor do que abandonar a si mesmo.
Leo Fraiman
Psicoterapeuta e especialista em Psicologia Educacional
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