terça-feira, 22 de julho de 2014

Postura correta, coluna sem problemas

Mochilas muito pesadas, sedentarismo e outros hábitos inadequados prejudicam a coluna
das crianças. É hora de mudar e promover o bom desenvolvimento do corpo todo
Estima-se que 80% dos problemas posturais nos adultos têm início na infância, devido aos maus hábitos durante o período escolar. Sentar-se de forma inadequada, com as costas tortas ou com uma perna dobrada embaixo da outra, por exemplo, é um dos fatores que podem provocar o encurvamento da coluna.

 “Postura inadequada ao carregar mochilas e materiais escolares e carga excessiva não controlada e mal distribuída tendem a gerar problemas de coluna como a escoliose, a hiperlordose e a hipercifose”, alerta o fisioterapeuta Helder Montenegro, especialista em coluna vertebral.

Mas o que são esses problemas?
Saiba mais sobre algumas das principais deformidades na coluna que podem surgir desde cedo:

- Hiperlordose: é o aumento da curvatura da lombar e pode ser acompanhada por dor. A fraqueza dos músculos da região, do tórax e do abdômen (muitas vezes causada por falta de atividade física), além de sentar-se com a coluna torta, podeprovocar ou piorar o encurvamento. “Se os pés não tocam no chão, por exemplo, a região lombar acaba sem apoio, provocando a hiperlordose”, destaca o fisioterapeuta.

- Hipercifose: é uma alteração na curvatura da coluna torácica, ou seja, é um aumento da “corcunda”, formando um “C” acentuado, e geralmente está acompanhada dos ombros enrolados para frente. Ficar muito tempo na mesma posição, carregar mochilas pesadas e usar salto alto favorecem o desenvolvimento do problema.

- Escoliose: é o encurvamento da coluna para um dos lados, formando um “S”. Em crianças e adolescentes, o tipo mais comum é a escoliose idiopática, que não possui causa conhecida. Contudo, o problema pode ser degenerativo, causado por fraqueza muscular ou paralisia cerebral, por exemplo; ou congênito, que ocorre pela malformação dos ossos da coluna vertebral do bebê.

Em cada 10 adolescentes com escoliose, nove são meninas, porém ainda não se sabe as causas dessa proporção. Diferentemente dos problemas citados anteriormente, a escoliose não tem tanta relação com os hábitos posturais. “Assim, a escolha do tratamento mais adequado leva em consideração fatores como o tipo de escoliose, a faixa etária do paciente, o grau do desvio e os sintomas apresentados”, diz o ortopedista Rogério Vidal de Lima. Podem ser indicados uso de colete e cirurgia (quando a curvatura é grave).


Reeducando a postura
É fundamental prestar atenção à postura das crianças quando estão sentadas – já que passam muito tempo nessa posição na idade escolar – e também de pé, pois andar encurvado já é uma alteração na coluna que pode influenciar ombros e cabeça.

Caminhar com as costas curvadas para frente e a cabeça baixa podem ser resultado da timidez, principalmente em meninas que, durante a fase da pré-adolescência, tentam esconder as mudanças corporais, como o crescimento dos seios. “A saúde dos indivíduos durante a fase de crescimento e desenvolvimento possui uma relação direta com o estudo, o ambiente escolar, lazer, vida familiar e outras atividades sociais. Assim, a hipercifose, por exemplo, pode ocorrer também por fatores psicológicos, como a timidez”, salienta Montenegro.


Segundo o especialista, o simples fato de observar as crianças já auxilia na detecção de anormalidades na postura, que também podem ser verificadas por professores nas aulas de educação física, por exemplo. Caso haja alguma alteração suspeita, a criança deve ser avaliada por um ortopedista. Orientar os pequenos sobre a boa postura principalmente em momentos de estudo é essencial para corrigir a posição da coluna.

Fisioterapia também pode ajudar no processo, com atividades como pilates e RPG (reeducação postural global). “O RPG é o mais utilizado e com amplo respaldo científico quanto à sua eficácia. O pilates atua na tonificação principalmente da região abdominal, auxiliando na estabilização da coluna”, diz Montenegro.

Cuidado com os hábitos
Para preservar a saúde da coluna na infância e na adolescência, os pais devem ficar atentos não só com a postura dos filhos dentro de casa, mas também com outros fatores, como:

- Peso das mochilas: segundo estudos da Universidade de São Paulo (USP), o ideal é que o peso transportado na mochila seja de, no máximo, 10% do peso corporal. Ou seja: uma criança que pesa 30kg deve carregar menos do que 3kg.

- Uso precoce de salto alto: ao usar esse tipo de calçado, a pessoa tende a projetar o centro de gravidade para a frente, o que prejudica principalmente as crianças, que estão em fase de desenvolvimento da estrutura óssea.
- Falta de atividade física: o sedentarismo pode prejudicar o desenvolvimento muscular da região da coluna vertebral. “A musculatura fraca, juntamente com as alterações posturais, pode levar a deformidades. A escolha do exercício físico deve estar adequada à idade e ao desenvolvimento da criança. Natação livre, basquete e handball, por exemplo, promovem uma extensão adequada da coluna”, indica o fisioterapeuta.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nos próximos anos, 85% da população terá problemas na coluna, resultantes de maus hábitos como uso de salto alto enquanto crianças

Na maioria dos casos de escoliose em crianças e adolescentes, o tratamento é dispensado. A cirurgia só é indicada quando há desvios severos na coluna ou quando surgem problemas associados, como alteração na força e na sensibilidade das pernas


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