No
nosso livro e em nossas conversas com crianças, adolescentes e pais chamamos
muito a atenção para a necessidade de uma boa noite de sono para o
desenvolvimento intelectual, físico e para a saúde de uma forma geral. Muitos
especialistas confirmam o que nossas sábias avós já diziam: “nada como um dia
atrás do outro e uma boa noite de sono no meio”. Em estudos, estes especialistas têm demonstrado que o
ideal são nove hora de sono tranquilo para que o adolescente tenha um dia
saudável e produtivo.
Reproduzimos
uma matéria extraída da revista Educar para Crescer que mostra, com depoimentos
de neurologistas e pesquisadores, esta necessidade que vem cada dia mais sendo
deixada de lado na maioria das casas. Por estes estudos fica mais evidente
ainda a necessidade de nos organizarmos para fazer com que nossos jovens consigam ir para cama mais cedo.
Nos
Estados Unidos, um trabalho-piloto do Hasbro Children’s Hospital, de Rhole Island,
propôs que
uma pequena escola retardasse em meia hora o horário de entrada dos alunos,
prorrogando-o das 8 para as 8h30. O resultado confirmou o que os médicos já esperavam: os minutos
adicionais de sono garantiram benefícios para o estado de alerta, o humor e a
saúde geral dos teens. Em outro trabalho americano, pesquisadores da Robert
Wood Johnson Medical School, de Nova Jersey, mostraram que aquela sonolência
diurna de muitos adolescentes está associada a um risco três vezes maior de o
jovem apresentar sintomas de depressão.
No
Brasil, uma investigação recém-apresentada pelo Instituto Glia, em Ribeirão
Preto, no interior paulista, mostra que crianças e adolescentes que dormem mais
de oito horas por noite apresentam quase o dobro de chances de ter uma cuca
mais sadia e um boletim nota 10, em comparação com os que descansam menos do
que isso. "A falta de sono altera o humor, o comportamento e o aprendizado
do jovem, além de baixar as defesas imunológicas do seu corpo". resume a
neuropediatra Márcia Pradella-Hallinan, responsável pelo Setor de Pediatria do
Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "As
noites maldormidas podem acarretar também problemas de estatura em
adolescentes, por causa da alteração na produção do hormônio do crescimento,
que acontece durante o sono e é responsável pelo estirão da puberdade."
Além
do horário escolar, outro fator parece contribuir bastante para o pensamento
voar para as nuvens nas primeiras aulas do dia: os novos brinquedinhos
eletrônicos da garotada. Com internet, telefone celular, videogame e a própria
TV, os jovens, que já não deveriam deitar depois das 23 horas, acabam invadindo
a madrugada no Twitter, mandando mensagens de texto, navegando na web, teclando
com amigos online, disputando jogos virtuais ou simplesmente assistindo a um
filme. "De segunda a sexta, 65% dos jovens brasileiros dormem apenas seis
horas por noite", revela a neurologista Andréa Bacelar, vice-presidente da
Associação Brasileira do Sono. "E os responsáveis por isso não são apenas o
horário escolar e as distrações eletrônicas. Muitas vezes os pais chegam tarde
e a casa fica acesa até altas horas. Os filhos reproduzem esses hábitos.
Paralelamente, o consumo de cafeína cresceu muito entre os jovens, em suas mais
variadas formas, como refrigerantes, café, energéticos, pó de guaraná, chocolates
e outros alimentos."
Os
problemas de nota baixa ligados à falta de sono têm a ver com a fadiga dos
neurônios responsáveis pelo raciocínio. Se esses soldados do nosso sistema
nervoso não estiverem descansados, vão comprometer a memória, a atenção e a
percepção de todo o exército. Essa disfunção também leva a quadros depressivos,
que se desdobram em vários outros problemas. "Irritação, agressividade,
violência gratuita, problemas com alimentação, como obesidade ou anorexia, além
de uma visão com perspectiva negativa do mundo e um estado de angústia
permanente, contribuem para que muitos busquem uma saída nas drogas e no
álcool", elenca a psicopedagoga Nadia Bossa, diretora científica da
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
Na
opinião da especialista da ABPp, a solução para o impasse depende de um esforço
conjunto. "Da parte da família, seria preciso organizar a vida doméstica
da casa de modo a respeitar as necessidades naturais do corpo do adolescente, o
horário escolar e a realidade da casa", defende Nadia. Ou seja, precisaria
haver uma nova disciplina com horários rígidos para os jovens conviverem com a
família e terem tempo para se divertir, mas sem comprometer as preciosas horas
de sono, sempre mantendo a rotina nos fins de semana. Nadia diz que cochilos de
30 minutos à tarde, depois do almoço, não resolvem o problema, mas ajudam a
compensar a falta de sono noturno e até podem ser bem-vindos, desde que
aconteçam sempre. "Já a escola poderia mexer no horário de entrada dos
alunos, dando a eles um tempinho extra para dormir pela manhã", sugere
Nadia.
Em
períodos de provas e durante o próprio vestibular, os problemas de falta
de
sono costumam se agravar. No ímpeto de tirar o atraso, não são poucos os que
optam por varar a madrugada na véspera da avaliação para estudar tudo o que o
professor passou. A neurologista Andréa Bacelar garante que esse é um erro
enorme. "A consolidação da memória acontece quando a pessoa está dormindo.
Se ela não dorme, muito do que estudou não vai ficar devidamente registrado,
por mais que se esforce." Além disso, segundo a médica, na hora da prova o
aluno vai estar sonolento e com os reflexos neuronais lentos, o que
comprometerá seu raciocínio.
Fonte:
educarparacrescer.abril.com.br
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