quarta-feira, 2 de maio de 2012

Criança e alimentação

A revista Época desta semana traz uma matéria muito interesse sobre como as famílias tratam o assunto: "alimentação de crianças". Vale a  apena ler e refletir um pouco.
Veja a matéria completa:
http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/04/criancas-3-x-0-comida.html



Crianças 3 x 0 Comida
Uma pesquisa exclusiva mostra como as dificuldades que aparecem nas refeições podem envenenar o relacionamento entre pais e filhos. O que fazer para evitar os conflitos
THAIS LAZZERI
  


SEM LÁGRIMAS
Isabel, de 2 anos e 8 meses, e a mãe, Vanessa, em casa. Ela chegou a chorar escondido porque não conseguia fazer a filha comer (Foto: Camila Fontana/ÉPOCA)
De um lado, pais ávidos – na verdade, alguns desesperados – para ver seus filhos comer direito. Do outro, crianças que fogem de frutas, verduras e variedade à mesa. Não é raro que essa relação caminhe para uma situação carregada de estresse e frustração. A hora da refeição deveria ser uma oportunidade para conversar com o filho e saber como foi o dia dele, mas, por vezes, torna-se um momento caótico, foco de discussão em família. Uma pesquisa obtida com exclusividade por ÉPOCA, realizada pela Ipsos a pedido da empresa americana Abbott com 984 mães de todas as regiões brasileiras, mostrou que 51% das crianças têm alguma dificuldade para comer. Sete em cada dez mães acreditam que isso atrapalha a relação com os filhos. Foram pesquisadas famílias com crianças entre 1 e 10 anos, com maioria entre 3 e 7 anos. “Nutrir envolve uma troca de afinidades”, afirma Fabio Ancona Lopez, pediatra e nutrólogo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Preocupar-se com a alimentação do filho é uma forma de expressar amor. Quando o filho não come, algumas mães naturalmente se sentem rejeitadas.”


O pediatra americano Benny Kerzner, professor da Escola de Medicina e Ciências da Saúde George Washington, nos Estados Unidos, conduziu pesquisas específicas sobre o impacto das dificuldades alimentares no relacionamento entre mãe e filhos em diversos países. Kerzner cita um estudo que acompanhou, por vídeo, como as mães alimentavam os filhos e como brincavam com eles depois. Os pesquisadores perceberam que, nas casas onde havia mais tensão no momento das refeições, a interação entre mães e filhos após aquele momento era bem menor. Elas não abraçavam as crianças. Com o tempo, afirma Kerzner, esse distanciamento pode se agravar. “Quanto mais conflituoso o momento da refeição, maiores as chances de complicações aparecerem e mais difícil será o futuro dessa criança”, afirma. “Não estou dizendo que vá acontecer com todas, mas são maiores as chances de alguma criança manifestar problemas de comportamento no futuro, como ficar mais violenta.”


A gaúcha Cristina Sampaio Teixeira, de 37 anos, de São Paulo, percebeu o peso da alimentação em sua relação com os filhos depois que Victor, de 5 anos, e Tomas, de 3, começaram a evitar alimentos que antes comiam bem. “Eles aceitavam de tudo até os 2 anos”, diz ela. Quando as recusas com o primeiro filho aumentaram, ela combinou que o premiaria caso ele comesse tudo o que estava no prato. A experiência não passou de três semanas. “Era insustentável trocar comida por presentes.” Cristina percebeu que as discussões com as crianças geravam aborrecimento e rancor na família.


Muitos pediatras e nutricionistas acreditam que mais estudos são necessários para determinar como as dificuldades na alimentação podem afetar o futuro da criança. Todos concordam, porém, que refeições caóticas são prejudiciais. É papel dos pais educar os filhos, colocando limites nos horários para comer e nas opções de alimento que entram na casa. Fazer as refeições num clima de tensão permanente pode ter impactos negativos na forma como elas se relacionam com o alimento e mesmo em sua autoestima. O risco é que, ao perceber a mudança de clima familiar em função de como se comporta diante do prato, a criança tenha a sensação de que é responsável pelo bem-estar da família. “Quando tem essa percepção e não consegue corresponder, fica com a impressão de que nunca conseguirá satisfazer os pais”, diz a pediatra Fabíola Suano, do serviço de nutrologia do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, na Grande São Paulo.




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