quarta-feira, 13 de abril de 2011

Invista no desenvolvimento dos Talentos de seus alunos

Invista no desenvolvimento dos talentos de seus alunos e filhos


» 13/01/11

Por Melissa Diniz

Quando crianças, pensamos que somos capazes de tudo. Não há limites para nossa inventividade. Cantamos, dançamos, pintamos, desenhamos e falamos como se não houvesse certo ou errado. Como somos felizes! Mas, com o tempo, nossa autocrítica e − mais ainda − a crítica alheia vão tolhendo nossas habilidades e impedindo que desenvolvamos o lado mais criativo. Mais tarde nos perguntamos: onde foram parar aquela menina que declamava poesias sem timidez e aquele garoto que fazia desenhos como ninguém? Perderam-se em meio a regras, ajustes, fórmulas prontas e cartilhas de bem ou mal.

Isso porque os talentos precisam de reconhecimento, incentivo, validação e recursos para que se firmem e se desenvolvam ao longo da vida. Mas não pense que ter aptidões se resume a saber dançar, cantar ou recitar. “Desde muito cedo, já nos primeiros meses de vida, percebemos crianças com facilidade para algumas atividades, sejam elas comunicativas, interacionais, motoras ou cognitivas. A chave para que se desenvolvam é o estímulo correto das habilidades primárias e secundárias. Ou seja, as que a criança demonstra e as que ela não demonstra”, explica a psicopedagoga e fonoaudióloga Telma Pantano, especialista em linguagem e máster em Neurociências pela Universidade de Barcelona.

Para isso, jogos, brincadeiras e todo tipo de atividade artística são bem-vindos. “Essa tarefa, que costuma ser executada pela família, deve, nos anos seguintes, ser encampada pela escola”, afirma a psicóloga Celi Piernikarz, orientadora educacional do Colégio Horizontes Uirapuru, em São Paulo. “Precisamos entender que é nosso papel, como educadores, transformar os talentos de nossos alunos em competências. Com o passar dos anos, cada uma dessas habilidades se tornará uma qualidade”, diz.

Na opinião de Celi, é preciso estar atento para conseguir identificar o quanto antes as aptidões dos alunos, não se esquecendo de procurar despertar neles o gosto por atividades variadas. “Acredito muito que os talentos são ativados por ambientes, temas e circunstâncias, e, quando se desenvolvem por meio de experiências, acabam produzindo inovação e excelência. Na escola em que trabalho, proponho uma apresentação dos talentos na hora do recreio. Nesse momento, todo tipo de expressão vem à tona por iniciativa das próprias crianças. É ótimo para a autoestima”, diz.

Aí também entra o papel do professor, conforme explica a especialista. “Precisamos saber valorizar as atitudes dos alunos, para ajudá-los a encontrar em si mesmos os dons que possuem. A melhor maneira de fazer isso é oferecer uma variada gama de atividades, sejam elas esportivas, intelectuais ou sociais, para que todos se sintam incluídos”, explica.

Isso porque algumas crianças sentem-se desconfortáveis com determinadas atividades e, por isso, não devem ser forçadas a fazê-las, mas sim, convidadas. “Os mais tímidos muitas vezes têm dificuldades de participar de grupos por se sentir expostos. É importante que descubram aquilo em que se destacam e que sintam segurança para mostrar seu desempenho à turma. Precisam ser acolhidos, e esse processo costumar ser demorado, mas é muito bonito quando acontece”, diz.

Crianças, afirmam as especialistas, são seres com um imenso potencial que precisa ser canalizado, direcionado e fomentado pela família e pela escola. Mas nenhuma é igual à outra. “O melhor tipo de estimulação é aquele que considera a individualização do sujeito. Para cada criança há diferentes possibilidades. Não existe uma regra única. A criatividade pode ser desenvolvida por meio do desenho, da brincadeira, da escrita, da construção de perguntas e raciocínios. Tudo depende de quais habilidades primárias a criança apresenta e em qual se sente mais confortável”, ressalta Telma.

Por isso, não é adequado oferecer apenas dois tipos de atividades, um para meninos e outro para meninas, por exemplo. “Professores, gestores e coordenadores precisam ter esse olhar diferenciado para os alunos, enxergar neles o que pode ser transformado em uma fonte inesgotável de criatividade. Assim, quanto mais oportunidades de desenvolvimento, melhor”, afirma Celi.

Ao observar que a criança tem uma habilidade desconhecida dos pais, a escola deve intervir, diz a psicóloga: “O papel do orientador é chamar a família e conversar. Esse direcionamento pode ser fundamental para a vida acadêmica e social da criança”.

E por falar em sociabilidade, participar de atividades extracurriculares é também uma ótima maneira de ajudar nos relacionamentos, aumentar as amizades, diminuir a hiperatividade e melhorar o condicionamento físico e o lado emocional. “Com a tecnologia, hoje temos inúmeros recursos para fomentar talentos, como jogos e softwares que crianças e jovens adoram. Precisamos colocá-los em prática”, diz Celi.

Mas o trabalho não se encerra com os pequenos. Para os adolescentes, principalmente aqueles que em breve irão prestar vestibular, essa ajuda da escola é muito importante. “Temos hoje no Brasil 2.422 ocupações diferentes, muitas delas desconhecidas dos estudantes e dos pais. Conhecendo suas aptidões, fica mais fácil escolher uma profissão que traga realização”, avalia a coordenadora.









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